Com a obrigatoriedade do cadastro biométrico para acesso a benefícios sociais, o governo federal quer acelerar a emissão da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN). Nesta quarta-feira (23), o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) apresentou novas medidas sobre a governança de dados no país e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que regulamenta o uso da biometria na concessão, renovação e manutenção dos benefícios sociais.
A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos,
Esther Dweck, explicou que essa cobrança será feita de forma responsável para
garantir os direitos de quem precisa. “A implementação será gradual, começando
com as novas concessões. Para quem já tem o benefício o prazo para se adequar
será um pouco maior”, disse, explicando que há exceções para a obrigatoriedade
como pessoas com mais de 80 anos e dificuldade de mobilidade.
Identidade nacional
“É o habilitador do cidadão para o mundo digital”, disse o secretário de Governo Digital do MGI, Rogério Mascarenhas, em entrevista à imprensa. Ele explicou, por exemplo, que a CNI já confere o selo ouro no Gov.br, a plataforma de serviços do governo federal. O acesso a funções do sistema é dividido por selos de confiabilidade – bronze, prata e ouro.
Lançada em 2022, a CNI é emitida pelas secretarias de Segurança dos estados, prevê a coleta das digitais e da biometria facial dos cidadãos e utiliza o CPF como número único de identificação. Hoje, diferentes bases biométricas já contemplam dados de 150 milhões de pessoas, como do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) e da Polícia Federal.
O uso da biometria para acesso a benefícios sociais será
gradual, a partir da capacidade dos estados de emitirem a CNI e de um
cronograma que ainda será definido em portaria do MGI. “Temos que avançar na
digitalização mas não podemos excluir as pessoas”, disse Mascarenhas. “Enquanto
não tivermos um cadastro amplo da carteira de identidade, essa orquestração de
bases de dados vai garantir o acesso a direitos”, explicou o secretário.
Governança de dados
Para isso, o governo também colocou em consulta pública, nesta quarta-feira, o novo decreto da política de governança e compartilhamento de dados no país. Os interessados podem enviar suas contribuições até 7 de agosto no portal do Brasil Participativo.
A política tem foco no uso estratégico e soberano dos dados
dos cidadãos e instâncias públicas. Ela cria uma estrutura de governança de
dados no governo federal e institui os papéis do executivo e do curador de
dados em cada órgão da administração pública, responsáveis pelo uso ético,
intensivo e estratégico dos dados. O decreto trata, ainda, da
interoperabilidade e do compartilhamento de dados entre os órgãos, autarquias e
fundações federais.
Para o secretário Mascarenhas, é preciso tratar os dados
como um ativo estratégico e não como uma mera questão operacional. “Onde estão
esses dados? O quadro da geopolítica tem se agravado, temos um risco associado
a essa questão de dados. Estão todos de olho nos dados e temos que ter a
preocupação sobre como esse tratamento está acontecendo”, disse.
O texto do novo decreto também empodera o Comitê Central de
Governança de Dados (CCGD), dando maior pluralidade e força pra sociedade
civil, que integra esse órgão por meio de instituições representativas.
A agenda federal também abrange a Estratégia Nacional de Governo Digital e a expansão da Rede Gov.br, que leva a transformação digital para estados e municípios de todo o Brasil. Todos os estados e o Distrito Federal, além de 2004 municípios já aderiram à rede, que promove capacitação, compartilhamento de boas práticas e uso de soluções como a Assinatura Eletrônica Gov.br.
No mesmo sentido, o presidente Lula também assinou o decreto que cria a Rede Nacional de Dados da Saúde (RNDS), que vai conectar diferentes sistemas e estabelecer a infraestrutura para compartilhamento seguro e padronizado de dados de saúde, em todas as esferas federativas. Ela também terá o CPF como chave principal para acesso a serviços de saúde, junto com o número do Sistema Único de Saúde (SUS).
O MGI ainda apresentou hoje o aplicativo Meu Imóvel Rural,
“um exemplo concreto do uso unificado de bases de dados para melhorar uma
política pública”. Ele reúne em um único ambiente as principais informações e
documentos dos imóveis rurais e, com isso, o proprietário rural não precisa
mais acessar três sistemas diferentes para obter dados e identificar pendências
ambientais, fundiárias e fiscais do seu imóvel. As informações são do site
Agência Brasil.
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