Jornal ACOMARCA

quarta-feira, 15 de outubro de 2025

PIATÂ: Ministério Público Eleitoral pede cassação e inelegibilidade de prefeito e vice por abuso de poder econômico e politico nas eleições de 2024


 O Ministério Público Eleitoral (MPE) da 105ª Zona, da Comarca de Piatã, emitiu parecer contundente pedindo a cassação do mandato e a inelegibilidade por oito anos do prefeito Marcos Paulo Santos Azevedo e de seu vice Ronaldo de Souza, por abuso de poder político e econômico nas eleições municipais de 2024.

O parecer, assinado pelo promotor Marcos Almeida Coêlho, afirma que a gestão municipal utilizou a estrutura da Prefeitura de forma indevida para promoção pessoal e eleitoral do prefeito, comprometendo a paridade de armas entre os candidatos e desequilibrando o pleito. Segundo o documento, houve desvio sistemático de recursos públicos para fortalecer a imagem do gestor durante o período pré-eleitoral.

Explosão de gastos no período eleitoral 

A investigação revelou um aumento expressivo e injustificado de despesas nos meses que antecederam o pleito.

Entre janeiro e junho de 2024, os gastos com combustíveis cresceram 72%, com picos superiores a 1.200% em algumas secretarias, enquanto as despesas com contratação de artistas subiram 494% e os custos com estrutura de festas aumentaram 542% em relação a 2023.

Também houve um salto de 42% nas contratações de serviços terceirizados, especialmente em áreas ligadas à logística e transporte, o que, segundo o MP, não encontra respaldo técnico nem justificativa administrativa.

Esses gastos coincidiram com a realização de grandes eventos como as cavalgadas de Inúbia e Cabrália, micaretas e festejos juninos , todos amplamente divulgados nas redes sociais pessoais do prefeito, com associação direta de sua imagem à execução das festas custeadas com dinheiro público.

Testemunhas e servidores confirmaram o uso de veículos oficiais, pessoal e equipamentos da Prefeitura durante as festividades, o que reforça o argumento de uso eleitoral da máquina pública.

Padrão de poder e repetição de práticas

Para o Ministério Público, o conjunto das provas demonstra um padrão de atuação política que mistura o público e o privado, transformando eventos institucionais em plataformas de autopromoção.

O parecer observa que as ações da atual gestão repetem práticas já consolidadas em governos anteriores do mesmo grupo político, sinalizando continuidade de um modelo de poder baseado em visibilidade populista e gasto público desproporcional.

Democracia em risco

O promotor foi categórico ao afirmar que tais condutas ferem os princípios da moralidade, legalidade e impessoalidade que regem a administração pública.

“Permitir o uso indevido de recursos públicos em ano eleitoral é enfraquecer a democracia e legitimar o desequilíbrio da disputa”, destacou Coêlho no parecer.

Diante das evidências, o MPE requer a cassação do registro ou diploma de Marcos Paulo e Ronaldo de Souza, além da declaração de inelegibilidade por oito anos, conforme previsto na Lei Complementar nº 64/90.

Impacto político

Caso a Justiça Eleitoral acate o pedido, a decisão poderá abalizar o maior grupo político de Piatã, liderado historicamente pelo ex-prefeito Edwilson, de quem Marcos Paulo foi aliado direto e sucessor.

Na prática, o processo coloca sob julgamento não apenas um mandato, mas todo um estilo de gestão que se perpetuou ao longo de mais de uma década no comando do município.

Por ora, o prefeito Marcos Paulo e o vice Ronaldo de Souza seguem no cargo. A Justiça Eleitora deverá julgar o mérito nas próximas semanas.

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