Na calada do São João, o prefeito Marcos Paulo tentou esconder a crise com música e fogos. Mas a bomba explodiu - pelo visto o estrondo está apenas começando a ecoar.
Enquanto Piatã dançava forró no circuito festivo do tradicional São João, um movimento silencioso e explosivo acontecia nos bastidores do poder municipal. Em pleno dia 20 de junho de 2025 — estrategicamente durante os festejos juninos — foi publicado no Diário Oficial do Município o Decreto nº 205/2025, que exonera, a pedido e por razões de saúde, o então secretário de Administração e Finanças, Izaelcio Gomes Gonçalves.
A justificativa oficial, embora protocolar, contrasta com
informações apuradas por este periódico. Fontes internas da gestão afirmam que o
Secretário vinha sofrendo intensa pressão devido ao acúmulo de desgastes
causados por uma condução fiscal tida como desastrosa, e que já é considerada
por muitos como a pior gestão financeira da história de Piatã.
A saída de Izaelcio representa muito mais do que a
substituição de um cargo técnico: trata-se do colapso da principal aposta
política e administrativa do prefeito Marcos Paulo. Izaelcio era considerado o
cérebro da gestão, a “chave de ouro” da administração e a peça central para dar
credibilidade ao projeto governamental. E mais ainda, era visto nos bastidores
como o nome favorito para a sucessão política em 2028. Mas, ao lado do atual
gestor, fracassou, levando consigo a reputação de um governo que prometia
modernidade, mas entregou atrasos salariais, calotes em fornecedores e
agricultores do Pronaf, maquiagem fiscal, uso questionável de recursos da
educação e uma série de denúncias que hoje tramitam no Ministério Público e na
Justiça Eleitoral.
Entre as suspeitas que pairam sobre a gestão está a relação
do Gestor com a Contabilidade que cuida
das finanças do município, empresa da qual teria sido sócio e que vem sendo
contratada pela Prefeitura já há mais de 20 anos, sempre numa casadinha com a
Câmara Municipal, o que levanta questionamentos sobre possível favorecimento.
Fontes indicam que a exoneração pode ter sido uma manobra para preservar o nome
comercial da empresa — um afastamento estratégico para tentar conter danos.
A exoneração do secretário também ocorre em meio à
tramitação de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE), movida pela
oposição, que apura suposto abuso de poder econômico nas eleições de 2024, com
indícios de uso irregular de recursos públicos e da máquina administrativa.
Para ocupar a vaga deixada, o prefeito nomeou interinamente
Evilásio, conhecido como “Lalá”, que era administrador distrital do povoado de
Cabrália e vinha sendo cotado para assumir a Secretaria de Obras — área com a
qual tem alguma atuação prática. No entanto, sem formação técnica ou
experiência em gestão financeira, sua nomeação para a Secretaria de
Administração e Finanças surpreendeu até aliados do governo e gerou
desconfiança de que estaria sendo usado como “laranja” para blindar os
verdadeiros responsáveis da pasta.
O cenário que se desenha é de instabilidade profunda. A exoneração de Izaelcio enterra, de uma vez, duas promessas: a de uma gestão fiscal eficiente e a do nome que herdaria o projeto político do atual Prefeito.
A população, já cansada de promessas descumpridas e da degradação dos serviços públicos, começa a exigir respostas. Em vez de um governo técnico, a cidade assiste à degradação moral e administrativa de um grupo político que pode estar à beira do colapso.
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