Na manhã desta quarta-feira (15), no auditório do Colégio
Estadual Horácio de Matos, em Piatã, aconteceu uma audiência pública que tinha
tudo para ser um momento de esclarecimento e responsabilização sobre o uso dos
precatórios da educação. No entanto, o que se viu foi mais um episódio de
silêncio, despreparo e falta de transparência por parte da gestão do prefeito
Marcos Paulo, que mais uma vez não compareceu ao evento.
A ausência do prefeito foi considerada mais um gesto de
covardia política diante de um dos maiores escândalos de sua administração.
Enquanto os professores clamam por seus direitos e a cidade exige respostas, o
gestor se esconde da população — o que tem se tornado rotina. “Festa ele vai,
cruzeiro ele embarca. Mas para encarar os professores e explicar o desvio do
dinheiro da educação, ele se esconde”, desabafou um professor presente na
audiência.
Entre os representantes do governo estavam o advogado Jaime
Cruz, o vice-prefeito Rone, o responsável pelo controle interno Fernando e o
presidente da Câmara. A secretária de Educação Poliana sequer cumprimentou a
APLB e manteve-se em silêncio, atitude considerada extremamente deselegante
diante da entidade sindical que tem liderado, com coragem, a defesa dos
direitos dos professores.
O destaque negativo ficou por conta do advogado Jaime Cruz,
cuja atuação tem sido alvo de denúncias e suspeitas graves. O advogado, que
mantém contratos com a Prefeitura de Piatã desde a gestão de Ed Peças, foi
contratado para representar o município em demandas nas esferas municipal,
estadual e federal. No entanto, recebeu recursos milionários fora do escopo
contratual, o que fere gravemente o princípio da economicidade da administração
pública.
Somente em 2023, o escritório de Jaime Cruz recebeu R$
1.375.479,30, pagos por meio do processo nº 492/2023, com recursos que deveriam
estar vinculados à educação. O pagamento ocorreu em total desrespeito a uma
decisão judicial proferida nos autos do processo nº 8000214-76.2019.8.05.0193,
que havia negado a tentativa de homologação de acordo extrajudicial entre o
município e o escritório.
As suspeitas não param por aí. Segundo representação
protocolada no Ministério Público Federal (NF 1.14.008.000063/2023-40,
inquérito nº 1038187-89.2023.4.01.0000), o escritório já havia recebido R$
1.304.180,65 em 2020 e 2021, alegadamente por atuação junto ao TCU para
“preservar recursos de royalties da mineração”. No entanto, não há qualquer
comprovação de trabalho técnico que justifique tais pagamentos.
Além disso, há registros de que o advogado vendeu ao atual
prefeito Marcos Paulo uma Pajero Mitsubishi (RENAVAM 01218470167, placa QTW-5E73),
o que levanta a suspeita de que os valores recebidos pelo escritório possam
estar ligados a dívidas pessoais do chefe do Executivo.
Diante da gravidade das denúncias, a audiência pública
escancarou a inoperância e o despreparo da atual gestão. O secretário de
Finanças não compareceu, e o vereador Valmir, ex-presidente da APLB e hoje
aliado calado da base governista, permaneceu em silêncio absoluto e cabisbaixo.
Em contrapartida, a APLB, sob liderança da professora
Adriana, teve atuação firme e vigilante, mais uma vez assumindo o protagonismo
na defesa da legalidade, da transparência e dos direitos da categoria. Os
professores entoaram palavras de ordem como “Queremos nossos direitos!” e
denunciaram os desvios com coragem e clareza.
Os vereadores de oposição — Juce, Amarildo, Samuel, Jairo e
Valdirene — também se destacaram pela firmeza com que cobraram o cumprimento da
lei e denunciaram a apropriação indevida dos recursos da educação para outras
finalidades.
Ao final da audiência, o sentimento foi unânime:
“Todo mundo já recebeu, menos o professor!”
Enquanto o prefeito foge, sua equipe silencia e os contratos suspeitos se multiplicam, os educadores de Piatã seguem firmes em defesa do que é justo. A gestão Marcos Paulo se mostra cada vez mais frágil diante da força da verdade e da resistência da educação pública.
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