Jornal ACOMARCA

quarta-feira, 14 de maio de 2025

PIATÃ: Audiência pública expõe escândalo dos precatórios

 


Na manhã desta quarta-feira (15), no auditório do Colégio Estadual Horácio de Matos, em Piatã, aconteceu uma audiência pública que tinha tudo para ser um momento de esclarecimento e responsabilização sobre o uso dos precatórios da educação. No entanto, o que se viu foi mais um episódio de silêncio, despreparo e falta de transparência por parte da gestão do prefeito Marcos Paulo, que mais uma vez não compareceu ao evento.

A ausência do prefeito foi considerada mais um gesto de covardia política diante de um dos maiores escândalos de sua administração. Enquanto os professores clamam por seus direitos e a cidade exige respostas, o gestor se esconde da população — o que tem se tornado rotina. “Festa ele vai, cruzeiro ele embarca. Mas para encarar os professores e explicar o desvio do dinheiro da educação, ele se esconde”, desabafou um professor presente na audiência.

Entre os representantes do governo estavam o advogado Jaime Cruz, o vice-prefeito Rone, o responsável pelo controle interno Fernando e o presidente da Câmara. A secretária de Educação Poliana sequer cumprimentou a APLB e manteve-se em silêncio, atitude considerada extremamente deselegante diante da entidade sindical que tem liderado, com coragem, a defesa dos direitos dos professores.

O destaque negativo ficou por conta do advogado Jaime Cruz, cuja atuação tem sido alvo de denúncias e suspeitas graves. O advogado, que mantém contratos com a Prefeitura de Piatã desde a gestão de Ed Peças, foi contratado para representar o município em demandas nas esferas municipal, estadual e federal. No entanto, recebeu recursos milionários fora do escopo contratual, o que fere gravemente o princípio da economicidade da administração pública.

Somente em 2023, o escritório de Jaime Cruz recebeu R$ 1.375.479,30, pagos por meio do processo nº 492/2023, com recursos que deveriam estar vinculados à educação. O pagamento ocorreu em total desrespeito a uma decisão judicial proferida nos autos do processo nº 8000214-76.2019.8.05.0193, que havia negado a tentativa de homologação de acordo extrajudicial entre o município e o escritório.

As suspeitas não param por aí. Segundo representação protocolada no Ministério Público Federal (NF 1.14.008.000063/2023-40, inquérito nº 1038187-89.2023.4.01.0000), o escritório já havia recebido R$ 1.304.180,65 em 2020 e 2021, alegadamente por atuação junto ao TCU para “preservar recursos de royalties da mineração”. No entanto, não há qualquer comprovação de trabalho técnico que justifique tais pagamentos.

Além disso, há registros de que o advogado vendeu ao atual prefeito Marcos Paulo uma Pajero Mitsubishi (RENAVAM 01218470167, placa QTW-5E73), o que levanta a suspeita de que os valores recebidos pelo escritório possam estar ligados a dívidas pessoais do chefe do Executivo.

Diante da gravidade das denúncias, a audiência pública escancarou a inoperância e o despreparo da atual gestão. O secretário de Finanças não compareceu, e o vereador Valmir, ex-presidente da APLB e hoje aliado calado da base governista, permaneceu em silêncio absoluto e cabisbaixo.

Em contrapartida, a APLB, sob liderança da professora Adriana, teve atuação firme e vigilante, mais uma vez assumindo o protagonismo na defesa da legalidade, da transparência e dos direitos da categoria. Os professores entoaram palavras de ordem como “Queremos nossos direitos!” e denunciaram os desvios com coragem e clareza.

Os vereadores de oposição — Juce, Amarildo, Samuel, Jairo e Valdirene — também se destacaram pela firmeza com que cobraram o cumprimento da lei e denunciaram a apropriação indevida dos recursos da educação para outras finalidades.

Ao final da audiência, o sentimento foi unânime:

“Todo mundo já recebeu, menos o professor!”

Enquanto o prefeito foge, sua equipe silencia e os contratos suspeitos se multiplicam, os educadores de Piatã seguem firmes em defesa do que é justo. A gestão Marcos Paulo se mostra cada vez mais frágil diante da força da verdade e da resistência da educação pública.





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